domingo, 29 de janeiro de 2012

Utilize as escadas

    Quando chegou, olhou para cima e só viu as paredes externas revestidas com mármore, o prédio tinha cara de ser antigo, mas era alto demais pra isso. A luz do sol estava forte e não foi possível enxergar o último andar. Ela estava com duas amigas, e entraram, sem conversar. A verdade é que tinham coisas para resolver na sala mais alta do edifício. O térreo era movimentado, gente indo e vindo com documentos nas mãos, as recepcionistas com telefones que não paravam, todos pareciam atrasados e sempre com pressa. Entraram no elevador, e ela reparava em cada detalhe. O prédio tinha o mesmo jeito do lado de dentro: mármore em todo lugar, via-se que tudo era antigo desde os botões do elevador até os lustres, as portas e os móveis.
    O elevador que entraram era panorâmico, e conforme subiam podiam ver os terraços e coberturas dos prédios ao lado. Quando chegaram ao último andar, as portas se abriram e podiam ver um longo e estreito corredor, novamente revestido de pedra. Andavam devagar até o escritório que estavam procurando, e mesmo não estando tão frio sentiam a baixa temperatura do corredor até nos ossos. No escritório, apenas uma escrivaninha com uma cadeira e um senhor idoso que escrevia em uma folha amarelada. De terno e gravata, tinha bochechas rosadas e era baixinho.
    -Com licença - disse uma delas, e ele parou de escrever e deu uma leve risada como se fosse uma criança.
    -Ah que bom que chegaram, agora sentem-se enquanto preparo os papéis para o casamento! - disse, ainda sorrindo, o que acentuava suas bochechas.
    -Senhor, não viemos para pegar papéis de casamento...
    -Não? Então o que estão fazendo aqui? Vão embora, vão já! – agora seu rosto era sombrio e sua voz tinha se tornado mais grave.
    Agora, saíam da sala andando rápido, entraram no elevador que ainda se encontrava parado no mesmo lugar e pressionaram o botão para o térreo. Durante alguns segundos, tudo estava bem. Ou melhor, tudo estava bem o suficiente. Ouviram estalos vindos do teto do elevador, como se alguma coisa estivesse errada, mas tudo o que elas não queriam era pensar no pior. Mais alguns estalos e o pior foi justamente o que aconteceu. Com os cabos partidos, o elevador estava solto e agora caía livremente, tão rápido que seus pés saiam do chão, até que conseguiam encostar-se no teto. Uma delas, a esse ponto, já até chorava, enquanto as outras duas tentavam se manter calmas. Tudo durou menos de um minuto, até que o painel do elevador mostrou que estavam no segundo andar. Nesse momento, prenderam a respiração e já imaginavam o que estava por vir. Para a surpresa, tudo voltou ao normal quando atingiram o primeiro andar, o que as fez cair bruscamente no piso do elevador. No térreo, as portas se abriram e as pessoas se assustaram ao vê-las enquanto ainda se levantavam.

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