quinta-feira, 23 de junho de 2011

Não Voltarei Para Casa Desta Vez

    Voltando da escola, ela pensava apenas em chegar em casa, e a pé a subida era longa. Dava passos longos, mas era como se nem se mexesse, e mesmo tendo andado pouco desde a escola, já estava cansada, pois sua mochila pesava. A rua estava vazia. Foi  quando sentiu o peso de uma mão em seu ombro, e quando se virou, não deu tempo de reagir: ele a jogou no chão, e suas mãos passaram do ombro ao seu pescoço, enquanto ele dizia:
    – Se não pode ser minha, não pode ser de mais ninguém.
   E seu rosto se enchia de raiva, de medo e de pena ao mesmo tempo. Ela não conseguia se soltar, ele era forte. Enquanto ela perdia os sentidos, mal podia ver o rosto dele, pois estava tudo ficando embaçado e escuro. Foi tudo muito rápido, e não teve ar suficiente para poder soltar nem apenas um grito.
   Depois de se ver naquela situação, a escuridão passou e ela estava em pé em frente a sua casa. Mas estava diferente, não estava mais presa ao seu casulo, era apenas a energia que tinha sobrado de seu corpo. Entrou em sua casa, passando pelas portas e paredes, e encontrou sua mãe, arrumando coisas na sala.
   – Mãe... Eu acho que eu morri.
   – Como assim? Você está louca? Eu estou te vendo na minha frente.
   – Mãe, aceite. Eu vim pra me despedir e te dizer que eu estou bem agora.
   – Me explique isso.
   – Eu fui estrangulada. Não consegui ver direito o rosto dele.

   – Mas...
   – Mãe, é tudo o que eu sei. Diz pra mana e pro papai o que aconteceu. Eu vou sentir saudades, mas não fiquem se preocupando comigo.
   – Tudo bem...

   – Bem... Então adeus mãe. Vim pra te avisar que não volto para casa desta vez.
   – Adeus. – e sua mãe começou a chorar, enquanto ela saía em direção à rua.
   Na casa de uma amiga, onde estavam mais três, ela foi se despedir de todas elas, e chegando lá as quatro estavam sentadas na calçada conversando.  
   – Você tá diferente... O que aconteceu? – disse uma delas, com cara de preocupação.
   A garota contou, e elas começaram a chorar.
   – Mas não pode ser! Você não pode simplesmente sair das nossas vidas! – disse outra, desesperada.
   – Foi a mesma coisa que a minha mãe me disse, mas aconteceu. Não tem mais volta. Vim me despedir, e era isso que eu temia... Ficarei com saudades.