quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Wondertown - Parte II

   Gritaram seu nome, e rapidamente ela olhou para trás. Ficou feliz em vê-las, mas seu olhar era de desespero e medo, muito medo. Pediu para que fossem conversar longe das crianças, e rápido, para que elas não percebessem.
   – Nós precisamos sair daqui. – dizia Sofia. – Não sei o que há com essas crianças, mas eu sei que não é nada de bom o que acontece com aqueles que ficam aqui.
   Celeste e Mist não tiveram nem tempo de respirar para responder, antes que uma das meninas parasse de brincar e viesse perguntar a elas:
    – Por que vocês se separaram de nós? Voltem já para lá. – a menina estava com uma cara séria.

   – Bom, garotinha, nós queremos sair daqui... Será que você poderia nós levar de volta à entrada da cidade, por gentileza? – disse Celeste, sorrindo amigavelmente.
Assim que isso saiu de sua boca, Sofia olhou com um olhar desesperado, e Celeste sabia que ela estava pensando: “Não, você não disse isso! Não pode ter dito isso!”.
   – Uma vez que você entra você nunca mais sai. Agora vocês são nossas, não tem como escapar. – disse a menina, que antes falava inocentemente com elas, agora expressava alguma coisa quase como raiva, com tom muito sério e olhar quase demoníaco.
   Não esperaram nem um segundo, parecia que a mensagem fora transmitida por telepatia: “Corram”. Desceram todas as voltas do parque, mas parecia que o caminho tinha aumentado, olharam para trás e nem sinal das crianças correndo atrás delas, enfurecidas. Chegaram à entrada da cidade e lá se encontrava o túnel por onde tinham vindo, mas agora no lugar de apenas um grande buraco, havia um teleférico, onde todos se sentavam para sair ou entrar na cidade. Era simples, apenas cadeirinhas amarelas penduradas, onde só cabia uma pessoa, mas ainda era escuro e assustador. Ao lado dos controles do teleférico, que se localizavam logo na entrada do túnel, se encontrava o prefeito da cidade.
   Sujeito estranho, não exatamente pessoa, ou talvez um animal mutante, alguma criatura modificada. Tamanho de gente, mas rosto misturado com o de um coelho, um pouco dentuço e com um nariz avermelhado. Carregava uma bengala e era bem vestido, com um smoking e uma cartola que possuía uma fita roxa enrolada, e orelhas brancas e felpudas de coelho. Era muito educado, e se comportava como alguém responsável e muito inteligente.
   As meninas foram perguntar como funcionava a máquina e como e se elas já podiam “embarcar” para ir embora. Assustado, ele respondeu:
   – O quê? Mas de jeito nenhum! Da minha cidade ninguém sai, somente eu em raras ocasiões!
   Elas discutiram com o prefeito durante um longo tempo, até que por cansaço ele deixou que elas fossem uma de cada vez. Com a paciência esgotada, Sofia foi a primeira, saiu na frente e sentou-se em uma das cadeiras antes mesmo que ele desse as instruções corretas.
   – Pra mim chega! Esse negócio não deve ter muitos segredos! Tchau pra vocês, me encontrem do outro lado, bando de lesmas! – gritou ela.
   – Sofia, não! Volte aqui, nós vamos arrumar um jeito de ir todas juntas nem que seja daqui à horas de discussão! – disse Mist, também impaciente com toda a situação.
   – Mocinha, é melhor irem agora mesmo, como sua amiga, afinal de contas o Sol já está quase se pondo, vocês não querem ficar pra trás, querem? – disse o prefeito.
   – Como assim ficar para trás? Esse troço funciona 24h, não?
   – Com certeza não mocinha! Não faríamos voltas nem idas ao anoitecer. Imagine!
   – Então o que está esperando? Pare essa máquina, esses bancos, sei lá como você chama isso, pare já! Aperte qualquer botão e traga a minha amiga de volta!
   – Eu não posso, sinto muito. Nenhum deles faz voltar.
   Resmungavam um com o outro. Mas nada levava a lugar nenhum. De repente, um estrondo saiu de dentro do túnel, e o teleférico havia parado. Olharam assustados para lá, mas nada saia de dentro, muito menos Sofia.

Fim!
Obs.: O coelho não é o da Alice No País Das Maravilhas!

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